ADVOCACIA E ADVOGADOS
Modesto da Silveira, "herói da advocacia e da democracia" nas palavras de Pedro Serrano |
Quando soube da morte
de Modesto da Silveira em 22 de novembro de 2016 escrevi este texto. Hoje completa um ano de seu passamento. Sua história deve
ser conhecida por quem quer saber como foi a advocacia durante a ditadura
instalada em 1964, período em que os advogados não raramente tinham que arriscar
suas vidas ou a integridade física na defesa de seus constituintes presos políticos.
Modesto foi o advogado que defendeu o maior número de presos políticos durante a ditadura dos militares; foi sequestrado pelo esbirros do DOI-CODI e não se intimidou, foi eleito deputado federal e lutou pela anistia dos perseguidos políticos
Escrevi aqui sobre livros que li e que tratam da
advocacia e da biografia de advogados. Por esquecimento não mencionei dois que merecem ser lidos
e que tratam de casos específicos, A BECA SURRADA, de
Alfredo Tranjan, só advocacia penal, e ADVOCACIA DA LIBERDADE, de Heleno Claudio Fragoso.
Heleno Fragoso
era um homem culto, autor de muitos livros de direito e sua morte me impactou,
não sei por que, talvez pelo fato da surpresa, morreu de enfarto, e por ser um
advogado brilhante e muito querido por quem desejava o fim da ditadura.
Seu
livro TERRORISMO E CRIMINALIDADE POLÍTICA é um primor de reflexão sobre os
crimes políticos. A ADVOCACIA DA LIBERDADE é muito bem escrito, relata casos e
teses esgrimidas em processos em que defendeu os que enfrentaram os
delinquentes que assaltaram o poder em 1964.
Decidi
ser advogado depois que li uma entrevista com Francisco Julião no PASQUIM, em
1978 ou 1979. Julião dizia que depois de formado em direito decidiu defender
camponeses pois era uma gente que ninguém queria como cliente, não tinham dinheiro para pagar honorários e coisa e tal...
Foi
assim, que decidi antes de entrar no curso de direito que seria advogado
trabalhista, mas como a gente faz um plano e a vida faz outro até chegar à
advocacia trabalhista percorri outros "Cearás". Hoje, eu e a
advocacia trabalhista estamos juntos até que a morte nos separe...
Francisco
Julião se exilou no México depois do golpe de 64. Quem o conduziu até a embaixada foi Antonio Callado; foi uma peripécia livrar
Julião das garras dos que chegaram ao poder ávidos por sangue.
No
México Julião morou em Cuernavaca, onde vendia doces para sobreviver, e voltou
ao Brasil em 1979. Se filiou ao PDT, foi candidato a deputado mas não foi eleito, o país era outro, e parece que ele nunca mais se reencontrou com o país
que deixou antes de seguir para o exílio. Voltou
para Cuernavaca e lá morreu em 1997. História triste a de Francisco Julião.
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