sábado, 9 de setembro de 2017

                         O ADVERSÁRIO É CAPAZ DE TUDO



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Olho procurando compreender em toda a dimensão humana a delação de Antonio Palocci e o depoimento dele ante Sérgio Moro imputando fatos delituosos ao ex-Presidente Lula.

O que está no centro desta discussão sobre Palocci é o quanto o ser humano pode resistir a coações sob qualquer de suas formas, intimidações, ameaças e torturas.

Li sobre torturas e conversei com pessoas que foram torturadas e  uma certeza restou inquestionável: nenhum ser humano sabe exatamente o quanto pode resistir à pior das coações - a  tortura -, não sabe a força que tem diante da dor, da coação física ou moral.

Percebi pelo que me foi dito e lido que a resistência pode variar até mesmo em face do momento psicológico de entusiasmo ou decepção em que a pessoa se encontra, a idade e as experiências anteriores com o tipo de situação.

Victor Serge em seu pequeno grande livro, O QUE TODO REVOLUCIONÁRIO DEVE SABER SOBRE A REPRESSÃO, não nos deixa que esqueçamos que a repressão é uma das funções essenciais de todo poder político.

Por isto, o uso do medo, da intimidação, da tortura e do terror é sempre uma alternativa para uso de policiais, promotores e juízes.

As lições de Victor Serge são preciosas até para quem não pretende fazer revolução tais como os advogados que atuam na área penal e por isto sempre correm o risco de serem presos ao terem suas prerrogativas violadas, sem contar as incontáveis tentativas de intimidação de quem não é do esquema dos policiais corruptos. 

Uma coisa eu tenho como certa, Palocci está sob coação. Assim, é preciso fazer um esforço mínimo para compreender o que ele está passando e que muitos de nós poderemos vivenciar em futuro próximo.   
  
Quantas pessoas que hoje julgam Palocci sabem o que é uma cadeia? Ou já tiveram uma arma de fogo apontada contra si?

Não é uma tarefa fácil se manter altivo e digno em situações de coação. Forças coativas podem vir de diversas fontes, por exemplo, quantas pessoas estão dispostas a morrerem na miséria a não se tornar mais um golpista na praça?

Victor Serge na pág. 84 no capítulo EM CASO DE PRISÃO do livro mencionado nos diz que "o adversário é capaz de tudo" e cita Egor Sazonov: "o inimigo é infinitamente vil".

José Dirceu se manifestou sobre este momento de fraqueza de Palocci. Eis aqui [1] algumas palavras de José Dirceu veiculadas na mídia e na web e com as quais eu concordo totalmente:

"O ex-ministro José Dirceu fez um contraponto entre a sua situação e a do também ex-ministro Antonio Palocci, aponta a colunista Mônica Bergamo.
Segundo ele, é melhor morrer do que perder a dignidade e se tornar delator; Dirceu também afirmou que Palocci sempre batalhou pelos próprios interesses – e não por uma causa coletiva.
"Só luta por uma causa quem tem valor. Os que brigam por interesse têm preço. Não que não me custe dor, sofrimento, medo e às vezes pânico. Mas prefiro morrer que rastejar e perder a dignidade", afirmou Dirceu, condenado na Operação Lava Jato, disse ainda que prefere "morrer" antes de delatar."

Muito oportunas estas palavras de Zé Dirceu neste momento mas bem que poderia ter sida ditas antes, lá atrás, quando o condenaram sem provas no "mensalão", a AP 470.

Naquele momento todos nós esperávamos dele uma autodefesa menos "elegante", mais contundente e incisiva como está fazendo agora. É bem verdade que muitos amigos e os próprios advogados devem ter aconselhado Dirceu a ser prudente para não piorar a situação diante dos carrascos-juízes, comedimento que hoje se vê de nada serviu.

Bem vindas as palavras de Zé Dirceu. Acredito que todos os que forem perseguidos de agora por diante devem fazer um enfrentamento mais incisivo, mostrarem que são perseguidos e não julgados e deixarem claro que não fazem acordos com inimigos neste tipo de situação onde se quer a desonra, transformar o perseguido em um trapo.

Vamos ver quem é que terá a coragem e a honradez de inaugurar esta nova fase no enfrentamento dos carrascos fantasiados de juízes.

    
Nota

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