sábado, 22 de abril de 2017

                O ALFERES HERÓI



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Acho uma sacanagem os textos detratores da imagem pública de Tiradentes, mártir da causa republicana e de nossa independência de Portugal.

Li partes dos autos em que foram processados os inconfidentes. Li a defesa feita pelo advogado de Tiradentes - o cara teve apenas duas horas para apresentá-la -, o interrogatório e a sentença.

A defesa disse que ele era uma pessoa insignificante, alguém do populacho, meio perturbado e sem consciência completa da encrenca em que tinha se metido. Concordo apenas em uma coisa, se existia povo na Inconfidência estava personificado no alferes Joaquim José da Silva Xavier.

O alferes era o braço armado da revolução, por formação militar era um homem de armas e de ação. Portanto, não era insignificante no conjunto da obra.

Diante do princípio da ampla defesa tal como o conhecemos hoje o alferes não teve defesa, o prazo de duas horas para produção de qualquer defesa é um embuste. Mas quando se trata de crimes políticos raramente se foge a este figurino, o réu já está condenado antes do julgamento pois é julgado por seu inimigo.

Além de conhecer a defesa e a sentença condenatória minha curiosidade era para saber como ele tinha se comportado diante de seus algozes, se realmente merece a reputação de herói.

Ele foi interrogado umas sete ou oito vezes, não lembro com exatidão pois faz bastante tempo que li a mencionada parte dos autos. Negou sempre qualquer participação até que viu suicídios, delações, aquelas pequenas e grandes baixezas que as pessoas cometem sempre para se safarem e salvarem o pescoço.

Daí em diante chamou para si toda a responsabilidade pelo levante urdido, tentou livrar a cara dos demais, não pediu clemência, não chorou, não se arrependeu, mesmo sabendo  que seu destino seria a morte na forca.

Não duvido que as imagens que o imortalizaram produzidas pelo pincel de Pedro Américo caminhando conduzido pelas ruas, barbudo, sereno, indo de cabeça erguida para o cadafalso correspondam à verdade.

Não tenho dúvidas, o cara tinha cojones, o cabra era macho e merece figurar na galeria dos heróis do povo brasileiro.
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