A FÁBRICA DE DEFORMIDADES
Não existe jeito para a miséria moral, não tem
curso universitário, dinheiro, poder, sucesso, enfim, nada que possa redimir
uma pessoa degradada moralmente.
Vi este fenômeno pois cheguei a ter esperanças na
redenção pela promoção social de alguns trastes fabricados pela classe
dominante, tentei consertar algumas criaturas deformadas e constatei que pau
que nasce torto até a cinza é torta e com uma madeira ruim jamais se poderá
fazer um móvel de qualidade.
No ser humano tudo é aprendido: falar, caminhar,
pentear os cabelos, escovar os dentes, ler, escrever, o sentimento da honra, o
respeito pelos outros e por si próprio, o que deve e não se deve comer, o
horário das refeições, etc.
A este fenômeno sociólogos chamam de socialização
e antropólogos chamam de aculturação. Para os sociólogos e antropólogos o ser
humano é construído socialmente, montado "peça" por "peça"
desde antes do nascimento.
Sobre este processo a antropóloga Ruth Benedict
escreveu um livro muito interessante sobre os japoneses que tem o título de "O
crisântemo e a espada". O exército norte-americano ia ocupar o Japão e
não sabia o que era um japonês daí encomendou o livro.
O livro mostra "como se faz" um japonês
desde o berço, com método, disciplina e valores. A disciplina ocupa lugar
importante pois do respeito pela hierarquia até o controle dos esfíncteres,
tudo no japonês é objeto de treino desde criança recém-nascida.
A verdade é que da educação, socialização, aculturação, como se queira chamar, nenhum
ser humano escapa. Bem ou mal educado o ser humano é construído socialmente.
Todos nós sabemos como se constroem os monstros...
Por obra de engenharia social tocada pela classe
dominante nossas cidades grandes estão inabitáveis, perigosas, uma barbárie
criada sob medida para evitar qualquer reforma política que mexa nos lucros da
elite rapinante sediada em São Paulo.
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