A DITADURA QUE SE AVIZINHA
Jean Wyllys pronunciou um dos melhores votos contra
o golpe travestido de impeachment, chamou de canalhas os canalhas.
Sou muito realista, cru até, não gosto de surpresas
e me empenho para não ser pego desprevenido. Este golpe contra a Presidenta
Dilma foi antevisto por qualquer cidadão que soubesse que quem tramou a AP 470,
a farsa chamada de "o mensalão", é capaz de qualquer coisa pois quem
é capaz de condenar e encarcerar pessoas inocentes é capaz de cometer outros
crimes.
Quando no término do primeiro turno da eleição de
2014 foi constatado que os canalhas tinham a maioria no Congresso Nacional era muito
óbvio que o "impeachment" estaria sempre no horizonte e esgrimido
desavergonhadamente como um terceiro turno. Esta é a nova modalidade de golpe
de Estado testada com sucesso em Honduras e no Paraguai.
Com este golpe agora aplicado no Brasil o país vai
explodir pois não é possível governá-lo sem concessões tal como quer fazer a
canalha golpista retirando direitos e amputando os programas de distribuição de
renda, o objetivo mal disfarçado da escória eleita pelo povo e maioria na
Câmara dos Deputados.
Os vagabundos que aplicaram o golpe sabem as
consequências que advirão: aumento desesperadores dos crimes contra o
patrimônio como consequência da amputação dos programas sociais, mais repressão
com mais mortes e mais encarceramento além dos protestos dos que não aceitarão
o golpe.
Sem os programas de distribuição de renda dos governos do PT o país estaria ingovernável. Rubem Fonseca, o autor de FELIZ ANO NOVO, em seus
livros de ficção anteviu no final dos anos setenta e começo dos oitenta que a
criminalidade contra o patrimônio e sua brutalidade nos elevados índices deste
tipo de crime iria dar forma ao cotidiano das grandes cidades brasileiras.
As metrópoles brasileiras já têm a quase totalidade
de seus territórios sob controle de criminosos. Daí é que virá a violência que
conflagrará o país, não será a violência por motivação política.
Os que venceram hoje combaterão os problemas
advindos da concentração de renda com repressão e já que feriram a Constituição
no que de mais importante ela tem que é a salvaguarda da soberania popular
não terão pruridos de levar ao último grau a subversão da ordem constitucional,
farão uma ditadura.
Nenhum partido reforma a sociedade contra o
consentimento dela. O que vemos hoje é que uma banda da sociedade brasileira
neutralizou a outra, a que quer reformas, a maioria, a que elegeu a Presidenta
Dilma. O paradoxo é que foi esta mesma maioria que elegeu a atual Câmara dos
Deputados.
Mas a política prática é assim mesmo, enreda seus
atores em contradições e paradoxos, sem contar que muitas vitórias têm a
duração de minutos quando observadas do ponto de vista com que se mede os
ciclos políticos e históricos. Uma coisa se tem como certa, vitórias obtidas
por golpes de Estado têm vida breve.
Haja o que houver, não conseguirão mais adiar por
muito tempo reformas indispensáveis desde a proclamação da República e da
abolição da escravidão.
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