segunda-feira, 18 de abril de 2016

  A DITADURA QUE SE AVIZINHA


          

 Jean Wyllys pronunciou um dos melhores votos contra o golpe travestido de impeachment, chamou de canalhas os canalhas.

Sou muito realista, cru até, não gosto de surpresas e me empenho para não ser pego desprevenido. Este golpe contra a Presidenta Dilma foi antevisto por qualquer cidadão que soubesse que quem tramou a AP 470, a farsa chamada de "o mensalão", é capaz de qualquer coisa pois quem é capaz de condenar e encarcerar pessoas inocentes é capaz de cometer outros crimes.

Quando no término do primeiro turno da eleição de 2014 foi constatado que os canalhas tinham a maioria no Congresso Nacional era muito óbvio que o "impeachment" estaria sempre no horizonte e esgrimido desavergonhadamente como um terceiro turno. Esta é a nova modalidade de golpe de Estado testada com sucesso em Honduras e no Paraguai.

Com este golpe agora aplicado no Brasil o país vai explodir pois não é possível governá-lo sem concessões tal como quer fazer a canalha golpista retirando direitos e amputando os programas de distribuição de renda, o objetivo mal disfarçado da escória eleita pelo povo e maioria na Câmara dos Deputados.

Os vagabundos que aplicaram o golpe sabem as consequências que advirão: aumento desesperadores dos crimes contra o patrimônio como consequência da amputação dos programas sociais, mais repressão com mais mortes e mais encarceramento além dos protestos dos que não aceitarão o golpe.

Sem os programas de distribuição de renda dos governos do PT o país estaria ingovernável. Rubem Fonseca, o autor de FELIZ ANO NOVO, em seus livros de ficção anteviu no final dos anos setenta e começo dos oitenta que a criminalidade contra o patrimônio e sua brutalidade nos elevados índices deste tipo de crime iria dar forma ao cotidiano das grandes cidades brasileiras.

As metrópoles brasileiras já têm a quase totalidade de seus territórios sob controle de criminosos. Daí é que virá a violência que conflagrará o país, não será a violência por motivação política.

Os que venceram hoje combaterão os problemas advindos da concentração de renda com repressão e já que feriram a Constituição no que de mais importante ela tem que é a salvaguarda da soberania popular não terão pruridos de levar ao último grau a subversão da ordem constitucional, farão uma ditadura. 

Sou muito descrente quanto à possibilidade do golpe ser brecado no Senado Federal. O Poder Legislativo no Brasil é uma radiografia muito fidedigna da sociedade brasileira. Observem as Câmaras de Vereadores e verão que é tomada pela mesma fauna que ora habita o Congresso Nacional.

Nenhum partido reforma a sociedade contra o consentimento dela. O que vemos hoje é que uma banda da sociedade brasileira neutralizou a outra, a que quer reformas, a maioria, a que elegeu a Presidenta Dilma. O paradoxo é que foi esta mesma maioria que elegeu a atual Câmara dos Deputados.

Mas a política prática é assim mesmo, enreda seus atores em contradições e paradoxos, sem contar que muitas vitórias têm a duração de minutos quando observadas do ponto de vista com que se mede os ciclos políticos e históricos. Uma coisa se tem como certa, vitórias obtidas por golpes de Estado têm vida breve.

Haja o que houver, não conseguirão mais adiar por muito tempo reformas indispensáveis desde a proclamação da República e da abolição da escravidão.

  

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