domingo, 20 de março de 2016

         FEITICEIROS APRENDIZES

       
      
         

À medida que o tempo vai passando vamos tendo uma compreensão mais nítida dos fatos dos últimos dias, o golpe de Estado que está em andamento com o nome fictício de impeachment da Presidenta Dilma.

Para mim esta tentativa de golpe é uma coisa de amadores, os irmãos Marinho, aprendizes de feiticeiros metidos em uma empreitada acima de suas forças e compreensão. Uma tentativa desesperada de inverter a ordem constitucional e sem chance de vitória.

Vejamos o seguinte, os objetivos no curto prazo são o impeachment da Presidenta, a prisão do ex-presidente Lula e a cassação do registro do PT no TSE.

Caso sejam alcançados virá o caos, segundo Mino Carta; segundo o ex-presidente Lula virá uma ditadura, aparecerá um tipo caricato como Berlusconi, um ditador como Mussolini ou um Hitler, palavras do ex-presidente ouvidas por Mino (vídeo no link) [1].

Para mim este golpe vai gorar, políticos experientes como Maluf e Collor são contra, não por razões morais mas porque sabem que este negócio é coisa de amador.

Como seria o Brasil pós-golpe? Como o PSDB e o DEM fariam uma ditadura, com a PF, com o Exército, com as polícias civil e militar? Unir todas estas forças do aparato repressivo sem que o Exército as comande é impossível. Fazer uma ditadura só com as polícias civil e militar é complicado pois nos Estados onde eles não controlam a coisa seria diferente.

Sabemos que estamos descambando para a inversão da ordem constitucional porque a Rede Globo cooptou para o golpe os Tribunais Superiores e o Ministério Público Federal que chancelam as ilegalidades de Sérgio Moro, mas quando começarem a ser impetrados habeas corpus contra as perseguições e prisões ilegais, as denúncias de torturas e de mortes será que o Ministério Público, o Poder Judiciário e demais instituições do Estado e da sociedade civil como a OAB vão permanecer unidas e sem divisões em torno da ditadura?

Então este golpe é coisa de amadores e desesperados. Eduardo Guimarães informou no blog dele que a concessão da Rede Globo de Televisão vence em 2018 e que esta é a razão do desespero para afastar o PT da Presidência da República.

Fazer uma ditadura não é coisa fácil, tem uma conta salgada a ser quitada posteriormente e os militares estão escaldados ainda da última em que se enfiaram. Contudo, os fatos têm indícios de que a jogada parece consistir forçá-los a entrar em uma outra aventura provocando o caos. Esta parece ser a intenção da Rede Globo para poder pescar em águas turvas.

Nota


2 comentários:

  1. Bem, pode até ser que a Rede Globo possa estar em desespero no que se diz respeito a sua concessão de TV. Se isto for verdade, eu pessoalmente não vejo motivos, ao menos não de fora: sendo chantageado mais do que nunca nesse segundo mandato do governo Dilma, acho difícil que o PT fosse aproveitar a chance de ouro de encerrar com a Globo, mesmo que custasse ao país um elevado preço no aspecto da comunicação e de existir um veículo plenamente brasileiro.

    O Brasil é um país gigantesco de proporções continentais ainda com profundos problemas de integração nacional na definição de sua própria identidade e que possa comunicar consigo mesmo. E isso, só a Globo consegue fazer, pois é a única emissora que está a se fazer existir em todo o território nacional.

    Eles são tremendamente ardilosos e talvez por querer dar o passo para concretizar seus intentos. Mas creio que tenha ocorrido aí, o mesmo que se ocorre num tabuleiro de xadrez: o adversário tem o fator do tempo e vantagem material em mãos e melhor posicionado, mas por fazer a jogada errada ou não ter o cuidado de fazê - la nas circunstâncias apropriadas, seu avanço enfraquece.

    Acredito que o grampo de Sérgio Moro, seguido da reação de alguns dos juristas que possuem algum valor, alicerçando a partir disso, a defesa da Constituição Federal e a legalidade, explicando ao povo o que foi cometido já são bons passos pra se preservar o que quer que ainda se tenha de legalidade nesse país. Como se diz no xadrez, pode - se que talvez Moro tenha "entregado" uma peça, no caso, sua manobra e sua imagem de vingador e justiceiro e deixado a nu a inconstitucionalidade desse processo.

    Fora isso, vai restar saber como nossa suprema corte irá se posicionar. Ela irá cometer as mesmas atrocidades que cometeu com Olga Benário Prestes ou como fez na absolvição de torturadores? Os ministros daquela corte conseguirão barrar a excelente figura do anti magistrado que o é Gilmar Mendes e fazer com que talvez pela primeira vez, o Judiciário deixe de ser carreirista e legitimador das violações institucionais da classe dominante para honrar com suas obrigações sem se importar com a campanha de ódio que certamente virá por suas sentenças serem contrárias ao que deseja a classe dominante?

    Uma sentença honesta e pautada na legalidade, um magistrado que vá em defesa da lei pela lei sem se importar com recriminações midiáticas podem enquadrar quem deve ser enquadrado e pacificar a questão. Mas como se diz no sertão pernambucano, resta saber quem terá o "cunhão" de fazer o que tem de ser feito.

    Se tudo der certo e o Brasil sair disso, acredito que a comunidade jurídica terá muito a refletir, a começar pelo tipo de doutrinador que forma a cabeça da mocidade e que coloca a moral e as convicções políticas acima da verdade dos autos e da Carta Magna, até ao nível intelectual e cultural, bem como técnico e moral dos tribunais superiores, indo até onde se pode ir um juiz de primeiro de grau em seus poderes.

    Em miudos: se passarmos por cima dessa crise institucional, a prática, a doutrina e o direito brasileiro em si terão de sentar - se no divã para saberem o que realmente querem: se desejam ser instrumentos de construção de uma civilização no Brasil e que auxilie de fato ao desenvolvimento da sociedade ou se ficará sempre a servir aos mais inconfessáveis interesses.

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