quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

  QUANDO A HISTERIA DOMINA


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Nenhuma pessoa estar imunizada contra a propaganda política. Grandes intelectuais sucumbiram a ela, Martin Heidegger sucumbiu à propaganda nazista, aqui no Brasil Manoel Bandeira, Rachel de Queiroz e Rubem Fonseca foram cooptados para o golpe de 1964 por uma propaganda bem feita e bem orquestrada.

O segredo da vitória de uma investida propagandística desta natureza é atordoar a opinião pública com temas que provocam histeria coletiva para dividi-la, causar condutas irracionais, fazer com que as pessoas abdiquem de julgamentos com base em provas, dados estatísticos, fatos.

Li no livro de Rene Armand Dreifuss, 1964: A CONQUISTA DO ESTADO, a urdidura de como agiram e do que se valeram os golpistas na campanha de 1962 a 1964 para enfim colocarem os tanques nas ruas e deporem Jango.

Entre estes meios mais eficazes e insubstituíveis em uma ação política desta natureza estava a propaganda política agressiva esgrimindo a ideologia anticomunista e o combate à corrupção visando desestabilizar o governo e manipular a opinião pública.

Estes dois temas explorados foram escolhidos pela capacidade de provocar histeria, aborto é outro destes tópicos, sexualidade alheia também provoca celeuma.

Nunca pensei que fosse presenciar o que tinha lido em livros, um ambiente de luta política em que a propaganda seria agressiva e a histeria coletiva suscitada com êxito: o país esta mergulhado no "combate à corrupção" e a histeria dominando.

Este ambiente onde prevalece a irracionalidade é onde floresce o abuso de autoridades, a violação de direitos, as instituições são dissolvidas e os mínimos códigos de civilidade viram poeira. É por demais perceptível que é nestes momentos que são gestadas as ditaduras.

Quando isto vai arrefecer? Não faço ideia. O que presumo a partir dos fatos é que mais pessoas serão vitimadas pelo que foi gestado neste momento e que passada a histeria muitos vão olhar para trás envergonhados e vão procurar esquecer o que fizeram.


terça-feira, 22 de novembro de 2016

       PENSANDO COMO UM ADVOGADO

     
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A advocacia criminal sempre esteve em alta quando liberdades foram ameaçadas e direitos fundamentais violados tal como este momento em que o país se encontra.

A semana passada recebi de presente de um amigo o livro O QUE É SER ADVOGADO, de Técio Lins e Silva. Li em menos de três dias. É um livro muito bom, um tanto autobiográfico e por isso com ótimas dicas para quem pretende ser advogado, penalista ou de outra área, mesmo o livro focando exclusivamente na área penal.

Sempre procurei ler livros de e sobre bons advogados, aqueles que engrandeceram o exercício da profissão. Destaco alguns, A VIDA DE RUI BARBOSA, escrita por Luis Viana, SOBRAL PINTO - A consciência do Brasil, de J. Dulles, O ADVOGADO, de Henri Robert, O SALÃO DOS PASSOS PERDIDOS, de Evandro Lins e Silva (depoimento ao CPDOC) e CARTAS A UM JOVEM ADVOGADO, de Francisco Mussnich.

Li todos com muito proveito e estou relendo alguns. Ser advogado é uma profissão somente para quem gosta pois são muitas as agruras, riscos, ingratidões e incompreensões. Tem gente que jura que advogado não trabalha, vive sempre desfilando pelo forum paletós e gravatas italianas...

Comecei a reler PENSANDO COMO UM ADVOGADO, de Kenneth J. Vandevelde, que li há 15 anos, um presente de um amigo. Mesmo tratando da advocacia praticada nos EUA é de leitura muito proveitosa.

Como sou admirador incondicional de Rui Barbosa tenho o dever de mencionar dois textos dele de muito valor, ORAÇÃO AOS MOÇOS e DEVER DO ADVOGADO. Os dois tratam da advocacia, o último vai no âmago da profissão, a disposição para opor-se ao maior de todos os sacrilégios para um advogado, o sacrifício da lei.

A segunda exigência arrolada por Rui para esta "vocação ingrata" é a coragem, o desassombro para enfrentar a opinião pública açodada e a sanha dos tiranos e tiranetes, as autoridades subalternas dispostas ao cometimento de excessos.

Sobressai neste pequeno grande livro de Rui que o ambiente mais nocivo e indutor da vulneração de direitos e garantias fundamentais de natureza processual - isto é, processos e julgamentos ao arrepio da prova e do direito -, dá-se quando viceja uma opinião pública sob comoção.

Não é sem motivos que o juiz da 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba, ele mesmo, em conluio com a mídia amiga, amiga dele, tem açulado a opinião púbica em verdadeiros linchamentos morais, pré-condenações de acusados e suspeitos, a abafar a verdade.

Esta estratégia está confessada no artigo CONSIDERAÇÕES SOBRE A OPERAÇÃO MANI PULITE [1].

É neste momento de incitação e açodamento da opinião pública para fins da violação de direitos que impressionam-me ainda as páginas deste livro de Rui, do qual destaco passagens:

i) "Sua função consiste em ser, ao lado do acusado, inocente ou criminoso, a voz de seus direitos legais."

ii) "Voz do direito no meio da paixão pública, tão susceptível de se demasiar, às vezes pela própria exaltação de sua nobreza, tem a missão sagrada, nesses casos, de não consentir, que a indignação degenere em ferocidade e a expiação jurídica em extermínio cruel."

iii) "(...) ninguém, por mais bárbaros que sejam os seus atos, decai do abrigo da legalidade."

Não tenho dúvidas que este juiz de Curitiba deveria há muito estar no mínimo sendo processado ou até mesmo preso preventivamente. Poucos neste país afrontaram tanto a legalidade e até mesmo a ordem constitucional quanto ele.

Nota

[1] CONSIDERAÇÕES SOBRE A OPERAÇÃO MANI PULITE


sábado, 10 de setembro de 2016

           O ASSALTO À COISA PÚBLICA



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Este documentário [1], A DOUTRINA DO CHOQUE, vale a pena ser assistido. Versa sobre o que significa o liberalismo extremado e como é executado, sempre em condições traumáticas em que a sociedade se encontra desaparelhada e não pode resistir.

Esta doutrina tem como próceres atualmente Milton Friedman e Frederic Hayeck. O objetivo maior é a privatização, a transferência na "bacia das almas" para grandes capitalistas de todas as coisas públicas relevantes financeiramente: estradas, portos, aeroportos, recursos naturais tais como água, petróleo, minérios e fontes de energia.

Mas existe uma fonte de energia particularmente cobiçada pelos privatistas, a força de trabalho. Portanto, desregulamentar, precarizar e abolir a proteção ao trabalho (por exemplo, tornando a CLT letra morta e corrompendo dirigentes sindicais) é a pedra de toque do ultra liberalismo.

Evidente que para impor uma lástima destas só logrando a população trabalhadora, principalmente, ou criando o caos, mas sempre tornando a sociedade indefesa ou anestesiada.

No passado distante o liberalismo representava a liberdade econômica e a burguesia ascendente de então enfrentava o absolutismo, a democracia era o subproduto desta luta. Hoje a coisa é diferente.

O documentário esclarece este ponto importante e que sempre tem passado despercebido: como e por que ditaduras contemporâneas são ultra liberais em economia? Simplesmente porque um programa político neoliberal dificilmente será aprovado em eleições se for abertamente discutido...  

Ou seja, a democracia atual não é um subproduto da liberdade econômica, o ultra liberalismo como pregam Milton Friedman e 
Friedrich Hayeck, mas um obstáculo aos desígnios da plutocracia. 

Por óbvio que esta doutrina tem tudo a ver com o golpe de Estado que retirou o mandato da Presidenta Dilma e com a campanha de incitamento de ódio movida contra o PT pelas empresas de comunicação e seus pistoleiros e cupinchas.

Nota

[1] A Doutrina do Choque

terça-feira, 6 de setembro de 2016

             A CARADURA É A REGRA


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Este texto de Kiko Nogueira de link abaixo [1] não é um texto, é uma sucessão de pauladas nos ratos e nos sacripantas.

Temos que aceitar um fato: existe um tipo de safado que tomou conta do Brasil, o farsante que finge que não tivemos uma farsa monstruosa no Congresso Nacional com a perda do mandato da Presidenta Dilma no falso impeachment.

Esta horda é composta da mesma unidade básica, o mesmo salafrário indigno que finge acreditar na Rede Globo, Veja, Estadão e Folha de São Paulo.

Esta escória é conhecida por não ter nenhum apreço pela verdade. Todo mundo sabe que nenhuma ditadura se firma sem uma corrente infindável de puxa-sacos. São estes mesmos trastes que estão fazendo de conta que não tivemos um golpe de Estado sem violência mas igualmente subversor da ordem constitucional e de toda a legalidade.

O país está empesteado. Estão em todos lugares, no Judiciário, no Ministério Público, na Polícia Federal e nas redações das empresas de comunicação, que hoje no Brasil é um dos piores lugares para um pessoa honrada pôr os pés.

A sociedade brasileira nunca foi coisa muito boa pois o analfabetismo e a miséria degradaram o cidadão. Mas o cinismo com que elite, empresários, intelectuais e igreja sempre tratou tudo isso deformou mais ainda o povo.

Agora a coisa é escrachada, é o meio pelo qual se ganha a luta política e se mantém um governo iníquo. A caradura é regra.

Nota

[1] A volta do Japonês da Federal, agora de tornozeleira eletrônica, resume o Brasil do golpe


segunda-feira, 29 de agosto de 2016

               O GOLPE DE 2016                           OS PAULISTAS CONTRA A CONSTITUIÇÃO FEDERAL 

     

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Para se entender as origens do atual conflito político é preciso observar na história do Brasil quando foram lançadas as bases materiais e ideológicas deste confronto.

O Brasil adentrou o século XX agrário quando os países hegemônicos já faziam a Segunda Revolução Industrial, que segundo os historiadores foi iniciada na segunda metade do século XIX e terminada com o fim da Segunda Guerra Mundial. Esta considerada segunda revolução industrial ocorreu em face do desenvolvimento da indústria química, do uso da energia elétrica, da indústria do petróleo e do aço.

Quando Getúlio Vargas chegou ao poder na “Revolução de 30” o Brasil era uma fazenda de café falida. Com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York e a recessão que se espalhou mundo afora nosso principal produto de exportação, o café, estava sem compradores.

Até 1943 o Brasil era laissez-faire, isto é, o Estado não regulava a economia e nem era agente econômico. Foi com a “Revolução de 30” e Getúlio Vargas que o Estado brasileiro passou a ter objetivos relevantes, entre eles: a industrialização e a consequente formação do mercado interno (situação em que a CLT desempenha papel decisivo), agindo e regulando.

A origem mais remota deste embate ideológico e político, laissez-faire, hoje neoliberalismo, contra Estado, remete à guerra civil chamada pelos paulistas de “Revolução Constitucionalista de 1932”, episódio em que as oligarquias agrárias do Estado de São Paulo se rebelaram contra o governo federal comandado por Getúlio Vargas, vitorioso na “Revolução de 30” - que tinha deposto Washington Luís em outubro, quando ainda faltavam 22 dias para a conclusão do mandato.

A “Revolução de 1930” foi deflagrada para impedir a posse do paulista Júlio Prestes, eleito Presidente da República em 1º de março daquele ano. Getúlio tinha sido o candidato derrotado da Aliança Liberal e perdido a eleição para a Presidência da República para o paulista Júlio Prestes candidato pela Concentração Conservadora.

A principal razão alegada por gaúchos, mineiros e paraibanos para recorrerem às armas na “Revolução de 1930” contra o governo federal foram as fraudes nas eleições proporcionais. Possivelmente verdadeiros foram os motivos mas o que de fato interessa é que com a chegada de Getúlio ao poder em 30 o que parecia ser uma desavença intra-elites se transformou em um projeto de industrialização do país.

Nos dias que correm, dividida politicamente com as sucessivas vitórias do PT para a Presidência da República desde 2002, a classe economicamente dominante - a plutocracia - brasileira tem buscado reunificar-se e tem travado uma “guerra civil” com características nunca vistas por nós, constatada a quantidade de empresários, executivos do alto escalão de grandes empresas e políticos presos ou investigados na Operação Lava a Jato.

A justificativa mais aparente desta “guerra civil” é o “combate à corrupção”. Dirigida contra o setor público e contra uma facção da classe política aliada ao PT, a campanha ideológica busca demonizar o Estado, “vendê-lo” como a fonte de todos os males em oposição ao setor privado, repleto de anjos e santos em óbvia reprodução de embate ultrapassado entre liberalismo contra Estado.

A plutocracia paulista dona dos grandes meios de comunicação, Folha de São Paulo, Estadão, Veja, Grupo Bandeirantes de Comunicação e a Rede Globo são os encarregados desta grotesca propaganda política e da destruição da reputação dos inimigos.

Foi assim que desde a “Revolução de 30” o Estado de São Paulo conduzido pela plutocracia sediada na Av. Paulista se tornou a “boca do leão” para Getúlio - como dizia Samuel Wainer - e a oposição mais obstinada a qualquer coisa que diga respeito às ações do Estado para implementar objetivos tais como os do art. 3º da Constituição Federal:

“Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.”

É contra estes objetivos da República fixados na Constituição Federal de 1988 que se rebelam os paulistas e intentam o golpe de Estado com verniz de impeachment para depor a Presidenta Dilma e capturar de novo o governo federal.

É à ordem constitucional instaurada em 1988 que a plutocracia paulista decretou guerra pois nunca aceitou o programa de bem-estar social inscrito no art. 193 e seguintes da Constituição destinados a universalizar os direitos à saúde, à previdência e assistência social e a educação pelo ensino público em todos os níveis.

Esta obstinação dos paulistas é um empecilho para que o Brasil supere demandas ainda do século passado. Em 1930 como agora está em discussão a superação da ordem econômica semi-escravocrata cujo último e visível reduto é o trabalho doméstico, a última leva de trabalhadores a ser protegida pela CLT, a formação do mercado interno, uma economia resiliente e a efetivação de um Estado de bem-estar social.

Por tudo isso a plutocracia paulista não pode vencer.


segunda-feira, 15 de agosto de 2016

 A FÁBRICA DE DEFORMIDADES


                     
                              


Não existe jeito para a miséria moral, não tem curso universitário, dinheiro, poder, sucesso, enfim, nada que possa redimir uma pessoa degradada moralmente.

Vi este fenômeno pois cheguei a ter esperanças na redenção pela promoção social de alguns trastes fabricados pela classe dominante, tentei consertar algumas criaturas deformadas e constatei que pau que nasce torto até a cinza é torta e com uma madeira ruim jamais se poderá fazer um móvel de qualidade.

No ser humano tudo é aprendido: falar, caminhar, pentear os cabelos, escovar os dentes, ler, escrever, o sentimento da honra, o respeito pelos outros e por si próprio, o que deve e não se deve comer, o horário das refeições, etc.

A este fenômeno sociólogos chamam de socialização e antropólogos chamam de aculturação. Para os sociólogos e antropólogos o ser humano é construído socialmente, montado "peça" por "peça" desde antes do nascimento.

Sobre este processo a antropóloga Ruth Benedict escreveu um livro muito interessante sobre os japoneses que tem o título de "O crisântemo e a espada". O exército norte-americano ia ocupar o Japão e não sabia o que era um japonês daí encomendou o livro.

O livro mostra "como se faz" um japonês desde o berço, com método, disciplina e valores. A disciplina ocupa lugar importante pois do respeito pela hierarquia até o controle dos esfíncteres, tudo no japonês é objeto de treino desde criança recém-nascida.

A verdade é que da educação, socialização, aculturação, como se queira chamar, nenhum ser humano escapa. Bem ou mal educado o ser humano é construído socialmente. Todos nós sabemos como se constroem os monstros...

Por obra de engenharia social tocada pela classe dominante nossas cidades grandes estão inabitáveis, perigosas, uma barbárie criada sob medida para evitar qualquer reforma política que mexa nos lucros da elite rapinante sediada em São Paulo.


quinta-feira, 11 de agosto de 2016

             QUEM VIVER VERÁ


                              


Compartilho aqui este texto de Mário Sérgio Conti [1] não por concordar inteiramente mas porque ele trata de maneira um tanto melancólica a trajetória de um homem que só no futuro, quando a difamação baixar, poderá ser julgado com objetividade. O cara é Zé Dirceu.

Gosto de política e não sei por que, possivelmente por me achar construtivo e ter foco na defesa das coisas que dizem respeito a todos, o chamado interesse público, a liberdade, a justiça.

Trato a desigualdade social como uma questão de justiça (ou injustiça) na distribuição da riqueza socialmente produzida. Já tive contato com a pobreza extrema, uma criação dos homens, já vi pessoas passando fome e nunca vou esquecer, é horrível, não desejo nem para meus piores inimigos.

Na política o tempo não é percebido como nas demais atividades humanas. As coisas são mais aceleradas, a vida tem outro ritmo, um político pode ir do céu ao inferno em vinte quatro horas.

Isto faz com que aqui se faça e aqui se pague, a rapidez com que mudam as circunstâncias faz com que a conta chegue rápido. Quem trai companheiros ou ideais paga o custo da traição; quem usa atalhos para atingir seus fins também paga um preço alto.

Um exemplo desta cobrança acelerada sempre me vem à memória: Getúlio Vargas entregou Olga Benário Prestes à Gestapo em 1936 sabendo qual seria o destino de uma judia comunista nas mãos de Hitler. Ele queria atingir Luis Carlos Prestes por dentro. Em 1954 Getúlio se suicidou nas circunstâncias conhecidas, a política mandava a conta.

Sou governista desde a chegada do PT ao governo federal. Neste momento de crise política acentuada e de bullyling vinte e quatro horas por dia da mídia golpista contra o PT e petistas não vou fugir. Confio no governo e nos companheiros que lá estiveram. Quem quiser que fuja mas eu vou defender o governo da Presidenta Dilma e o partido até quando for preciso, críticas farei depois.

Voltando a Dirceu, quero estar vivo para ver qual será o destino dos que estão perseguindo Zé Dirceu [2] e outros petistas históricos quando a conta chegar. Quero ver o destino dos Ministros do STF quando o lodo subir do fundo do esgoto, quando vier à tona o que ocorreu nos bastidores da Ação Penal 470, o "mensalão", quem recebeu grana, qual o político que teve a ideia, de onde veio a grana e outras coisinhas mais.

Dizem que praga de comunista pega e é um terror. Imagino que os vaticínios de quem está à esquerda dos marxista-leninistas grude mais ainda.

Notas

[1] A derrocada de José Dirceu 

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2015/08/1665795-a-derrocada-de-jose-dirceu.shtml?cmpid=compfb

[2] Julgamento do Mensalão 04/10/12 Lewandowski contesta uso da Teoria do Domínio do Fato

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

     TÁTICAS E ESTRATÉGIAS EM LUTA



                         


Depois de ler artigos, debater, opinar sobre como devemos reagir ao cerco que o PSDB e o DEM estão executando desde o julgamento da Ação Penal 470 cheguei à conclusão que a direção do PT aposta tudo no bom desempenho da economia.

Esta é uma estratégia extremamente pragmática e pauta-se na ideia de que se o dinheiro estiver caindo no bolso da população ela aprovará qualquer governo. O grupo dirigente do partido que foi guindado à direção do Estado conduzindo o governo federal pensava assim desde antes de chegar ao governo.

Só percebendo esta estratégia extremamente pragmática, que aposta a vitória no confronto político apenas no bom desempenho da economia, vê-se que ela põe em plano secundário a formação de militantes, de quadros políticos e esclarecimento de uma parcela da opinião pública.

Esta estratégia explica a negligência na formação de um partido forte, aguerrido, de pessoas capacitadas para a luta política partidária. O rolo é que não se muda de estratégia como se troca de roupa.  O que guia nossos atos no dia-a-dia são nossas táticas; a estratégia é abstrata, guardada a sete chaves, é o que guia nossos passos no longo prazo.

Veremos o que vai acontecer no enfrentamento de duas estratégias que escoram os dois projetos políticos, o do PT e aliados e o do PSDB e DEM.

Para mim é insubstituível o bom desempenho econômico mas é insuficiente para o confronto político. Para enfrentar a estratégia de aparelhamento que o PSDB e o DEM fizeram do Judiciário e da Polícia Federal para prender petistas precisamos de algo mais, precisamos do povo na parada.

Como trazer esta força para a luta? Esta pergunta tem muitas respostas...


quinta-feira, 4 de agosto de 2016

    O PARTIDO DA IMPRENSA GOLPISTA: 1964


                            


Nunca é demais lembrar o papel da imprensa na deformação da opinião pública e o papel horroroso que intelectuais e jornalistas podem exercer opinando sobre o que não conhecem, a política prática.

O epíteto "imprensa golpista" é correto e merecido para uma imprensa que nunca teve pejo de trabalhar contra a democracia, nunca teve medo de deixar registrado seus atos ilegais de incentivo ao crime contra a soberania popular.

A imprensa golpista deixou suas digitais no crime contra o governo de Vargas (1951-54); deixou as provas em seus editoriais nas tentativas de impedir a posse de JK; participou do crime contra o povo que foi o golpe de 1964 contra o governo de Jango.

Todos os governos brasileiros que dirigiram os gastos do ORÇAMENTO PÚBLICO para a maioria da população sofreram retaliação e campanha diuturna dos grandes veículos de comunicação.

O ORÇAMENTO PÚBLICO tem ser dirigido para eles quando não é simplesmente assaltado por eles. Eles quem? Banqueiros, grandes industriais, latifundiários, usineiros, grandes fortunas e grandes ladrões.

Querer redimir a nação da grande dívida social que foi acumulada desde a época em que fomos colônia é percebido como ofensa pela elite política que representa os plutocratas.

Esta elite política está no PSDB e no DEM. Estes dois partidos da direita são refratários a qualquer tentativa de retirar a população da semi-escravidão, sempre quiseram revogar a CLT, a segunda lei mais importante do Brasil pois a primeira foi a Lei Áurea, como bem interpretou Darcy Ribeiro.

O PL da terceirização que ora tramita no Congresso Nacional não pode ser esquecido pois é a revogação da CLT com "mão de gato".

Basta de crimes usando a liberdade de imprensa. Basta de imprensa golpista.


quarta-feira, 3 de agosto de 2016

              POLÍTICA É TRAGÉDIA



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Mário Alves


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                                  Câmara Ferreira 
Carlos Marighella
  
                                               
                   

Às vezes em que vou em alguns eventos onde encontro pessoas de esquerda saio um pouco triste, vejo uns tipos vaidosos, ignorantes, acreditando que nunca sairão do poder, alguns malandros, e só me vem à cabeça a falta que faz o chamado dirigente, pessoas como Marighella, Joaquim Câmara Ferreira, Mário Alves, para só enumerar alguns por quem tenho simpatia e admiração.


Mário Alves era baiano e é tido por muitos de seus contemporâneos como o mais preparado intelectual do PCB, sua cultura ia além do marxismo pois fez parte da primeira turma do curso de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA.

Se não redigiu sozinho, o que é mais provável, firmou com outros a Declaração Política do PCB de março de 1958 que preconizava as REFORMAS DE ESTRUTURA, depois chamadas Reformas de Base, que se executadas poderiam ter ampliado e consolidado nosso mercado interno  e assim transformado o Brasil em uma potência material de algum respeito.

Este homem foi morto pelo Exército em 16 de janeiro de 1970 sob as mais atrozes torturas em um dos mais bestiais assassinatos cometidas pelos militares e seus asseclas durante a ditadura instalada com o golpe de Estado de 1964 [1]. 


Carlos Marighella dispensa comentários pois é conhecida sua coragem física e intelectual ao romper com o leninismo como teoria organizacional e ao enfrentar seus algozes dentro de um cinema em 9 de maio de 1964 na cidade do Rio de Janeiro.

Câmara Ferreira é outro cuja dedicação e caráter faz uma falta enorme nestes dias de muito cinismo, caradurismo e vaidade.

Assim escreveu sobre ele Noé Gertel, amigo e companheiro do PCB: 
"Com o golpe militar de abril de 1964, ele voltou a cair na clandestinidade e chegou a participar do VI Congresso do Partido, como delegado e membro do Comitê Central. Na luta interna que eclodiu no PCB, sua posição foi se definir contra a linha do Partido, até ser expulso, juntamente com Marighella e outros. Optou pela luta armada, transformando-se, depois do assassinato de Marighella, no dirigente máximo da Ação Libertadora Nacional.

Durante essa atividade, adotou o nome de guerra de Toledo ou era carinhosamente chamado por seus jovens companheiros de "O Velho". Foi selvagemente assassinado pela Operação Bandeirante, organizada pela polícia paulista em colaboração com o Exército. Tombou lutando, em 1970, tal como tombam os bravos lutadores. Foi militante comunista exemplar, durante todas as horas de sua vida, até os últimos segundos de sua agonia, coloridos de sangue e glória."[2]

Notas

[1] Ex-presos do DOI-Codi confirmam prisão e tortura de Mário Alves
http://www.cnv.gov.br/outros-destaques/307-ex-presos-do-doi-codi-confirmam-prisao-e-tortura-de-mario-alves.html


[2] KUSHINIR, Beatriz (org.) Perfis Cruzados - Trajetórias e militância política no Brasil. Imago. P. 20


segunda-feira, 25 de julho de 2016

             SOBRE UM "ESTRANHO SOCIOLÓGICO"


                 


É importante sair da casca do ovo, ter contato com a população do país real, de preferência de bairros onde a criminalidade domina. Lá onde não existe politização, só a luta dura pela sobrevivência, onde a esperteza, a trapaça e a lei do silêncio dominam.

Frequentei muitas vezes o bairro de Lobato em Salvador quando um amigo tinha um comércio lá. Voto lá só com grana na frente. Salafrários e pessoas de bem ocupam o mesmo espaço mas não se misturam.

Quem se queixa dos políticos não conhece o eleitorado. Os políticos são extraídos da sociedade que os elegeu. Vamos ser sinceros pois não gosto de perder tempo: o eleitorado é do mesmo esgoto que saem os políticos. Ou não? Como dizia um entendido no assunto: por um cano de esgoto não passa uma gota de água limpa.

A desonestidade é entranhada no tecido social brasileiro e isto impede a defesa e aceitação de qualquer proposta política pois quanto mais radical mais escorada em valores.

Sem chances então para quem se apóia em princípios. A população não sabe o que é isto, desdenha, e aí só quem fatura é a direita. Uma população moralmente degradada é a ruína para qualquer projeto revolucionário ou mesmo reformista.

A população dos bairros periféricos das grandes cidades vive no limite, na zona de penumbra que a separa da criminalidade mais exposta e atrevida.

Quando comparada com o que se chama classe média quem tem olhos para ver verá que um muro invisível, cultural, separa as duas partes, parecem dois planetas distantes, dois mundos, é uma divisão cultural mais que material que cria duas cidades opostas, dois países em um só apenas ocupando o mesmo espaço e de costas para o outro.

O crime e o desrespeito por qualquer regra de civilidade dominam nos bairros periféricos. Na aparência parece apenas uma cidade mas na verdade são duas. Quem vive em uma não frequenta a outra pois pode ser um erro sem volta.

Quem de classe média se arrisca em uma excursão em qualquer bairro periférico? Favela tem regras próprias. Uma delas, qualquer uma pessoa estranha é logo detectada e com o domínio de criminosos violentos isto pode ser fatal.

Na verdade existem dois universos culturalmente diferentes. Os detalhes do que seja isso dá um tratado, que vai de como se vê a honestidade, o respeito pela vida, o respeito aos direitos humanos e aos direitos dos outros e por aí vai.

Uma coisa é certa: são dois mundos que não se bicam. Outra coisa, política é coisa estranha ao mundo periférico, lá não existe espaço para a defesa de outra coisa que não seja o interesse pessoal.

A política já é uma atividade que conduz ao amoralismo, mesmo exigindo princípios o tempo inteiro, e que piora ou se torna inviável em um ambiente de eleitores que vivem na zona de penumbra entre o crime e a lei.

Do meu ponto de vista existe uma conexão entre as desgraças do PSDB e a população, como se fosse o casamento entre o sujo e o encardido. Como sou sociólogo e sei que se pode construir uma pessoa pois todo ser humana é resultado de uma montagem chamada de socialização não tenho dúvidas que a engenharia social do PSDB opera para consolidar a divisão que já existe no país.

Sei que o povo brasileiro é resultado do trabalho da classe dominante, que o aviltou e avilta, retirando qualquer sentimento de honra, amor próprio e compreensão dos processos sociais.

Os meios usados para isto? O analfabetismo, a intimidação, a pobreza, a manipulação das percepções e pensamentos pelo que veicula pelos meios de comunicação. O racismo tem sido o mais recente recurso pois ela sabe que se dividir a população em um conflito racista ela ganha de saída o apoio da população branca.

Não tenho dúvidas que degradar e dividir a população faz parte do processo de dominação. O Exército incentivou o puxa-saquismo, a deduragem, a delação e a subserviência durante toda a ditadura e sempre olhou com suspeição pessoas altivas.

Um exemplo, prefeitos ladrões nunca foram ou irão presos nem na época da ditadura nem agora. Se o sistema começar a prender prefeitos larápios o país explode pois o braço da dominação política mais efetiva é operado pelos prefeitos.

Portanto, formar e incentivar vagabundos faz parte do processo de dominação política.