quarta-feira, 12 de agosto de 2015

             CARCEREIROS

                    

 Terminei de ler o livro de Drauzio Varela, CARCEREIROS. É muito bom. É tão bom e necessário quanto MEMÓRIAS DO CÁRCERE, de Graciliano Ramos.

Tenho verdadeira obsessão em conhecer as pessoas e a sociedade, que alguns sociólogos chamam de tecido social.

Para conhecer as pessoas e a sociedade ir além das aparências é tudo. Para este fim ler livros ajuda mas o conhecimento produzido pela observação é insubstituível.

Como observador já fui flagrado observando. Achei curiosa a sentença de uma terapeuta sobre uma foto minha: segundo ela meu olhar é focado para o interior das pessoas, desprezo aparências, me atenho a fatos e não a palavras.

Desde priscas eras tenho feito um grande esforço para não ser um ingênuo ou incauto. Descobri que o melhor e mais prático conhecimento sobre pessoas e a sociedade está muito pouco em livros pois falta coragem a qualquer um para escrever.

Sobre dinheiro e sexo está comprovado que as pessoas mentem muito. Nestes dois temas quase tudo o que se diz é pura peta. Quanto sexo por dinheiro passa por interesse sexual?

Karl Marx foi o cara que mais ousou ao falar de dinheiro mas ainda assim quase não tocou nos crimes que são cometidos para se formarem as grandes fortunas.

O alto e o baixo mundo dos negócios são iguais, são feitos de batedores de carteiras, os do alto com roupas caras e escritórios luxuosos, o que só faz lembrar que assaltantes diante destes caras são tão inocentes quanto uma testemunha de jeová.

A verdade sobre como funciona o Poder Judiciário nem a OAB tem coragem de revelar, nem interessa às pessoas pois a ideia de viver em um mundo sem justiça é aterrador para quase todo mundo, um mundo onde vigora a lei do cão, onde manda o mais forte, o mais astucioso e trapaceiro convenhamos não estimula muito a viver.

Drauzio Varela constatou que quando descobriu a brutalidade da vida real nos presídios passou a ser um tanto solitário. Este é o efeito da descoberta da face mais dura da realidade, a que está além das aparências da hipocrisia social.

Acredito que muita gente descobre a brutalidade e as mentiras correntes em sociedade, contudo, escrever e falar é que ninguém quer, ninguém quer ficar sozinho.


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