CARCEREIROS
Terminei de ler o livro de Drauzio Varela, CARCEREIROS. É muito
bom. É tão bom e necessário quanto MEMÓRIAS DO CÁRCERE, de Graciliano Ramos.
Tenho verdadeira obsessão em conhecer as pessoas e a sociedade,
que alguns sociólogos chamam de tecido social.
Para conhecer as pessoas e a sociedade ir além das aparências é
tudo. Para este fim ler livros ajuda mas o conhecimento produzido pela
observação é insubstituível.
Como observador já fui flagrado observando. Achei curiosa a
sentença de uma terapeuta sobre uma foto minha: segundo ela meu olhar é focado
para o interior das pessoas, desprezo aparências, me atenho a fatos e não a
palavras.
Desde priscas eras tenho feito um grande esforço para não ser um
ingênuo ou incauto. Descobri que o melhor e mais prático conhecimento sobre
pessoas e a sociedade está muito pouco em livros pois falta coragem a qualquer
um para escrever.
Sobre dinheiro e sexo está comprovado que as pessoas mentem
muito. Nestes dois temas quase tudo o que se diz é pura peta. Quanto sexo por
dinheiro passa por interesse sexual?
Karl Marx foi o cara que mais ousou ao falar de dinheiro mas
ainda assim quase não tocou nos crimes que são cometidos para se formarem as
grandes fortunas.
O alto e o baixo mundo dos negócios são iguais, são feitos de
batedores de carteiras, os do alto com roupas caras e escritórios luxuosos, o
que só faz lembrar que assaltantes diante destes caras são tão inocentes quanto
uma testemunha de jeová.
A verdade sobre como funciona o Poder Judiciário nem a OAB tem
coragem de revelar, nem interessa às pessoas pois a ideia de viver em um mundo
sem justiça é aterrador para quase todo mundo, um mundo onde vigora a lei do
cão, onde manda o mais forte, o mais astucioso e trapaceiro convenhamos não
estimula muito a viver.
Drauzio Varela constatou que quando descobriu a brutalidade da
vida real nos presídios passou a ser um tanto solitário. Este é o efeito da
descoberta da face mais dura da realidade, a que está além das
aparências da hipocrisia social.
Acredito que muita gente descobre a brutalidade e as mentiras
correntes em sociedade, contudo, escrever e falar é que ninguém quer, ninguém
quer ficar sozinho.
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