domingo, 26 de abril de 2015

                            IMPRENSA CHAPA-BRANCA

           



Assistir aos programas jornalísticos da tv é ser convidado a se expor a alguns minutos de puro ódio. Uma das razões para destilar este ódio contra pessoas e partidos de esquerda, principalmente o PT, é a impossibilidade dos grandes grupos da mídia assaltarem os cofres da União sob o manto protetor das verbas com publicidade.  

Sem oportunidades de achacar os Governos de Lula e Dilma os seis grupos que controlam a mídia no Brasil, os grupos que decidem o que você eu devemos saber, resolveram fazer nos dias que correm a mais dura investida para destruir o PT e retirá-lo do governo federal por quaisquer meios [1].

Sem as verbas turbinadas (principalmente em governo tucano) do orçamento público do governo federal a mídia golpista não sobreviverá, é o que estamos vendo no momento em que corte de custos com demissões no setor evidenciam a luta pela sobrevivência. 

O Estadão demitiu gente - alguns pistoleiros e puxa-sacos, outros trabalhadores honestos -, o que também ocorreu na famiglia Civita, com o encolhimento do patrimônio da Abril. 

Os grupos econômicos que controlam a mídia, resumidos em seis famílias, estão enfrentando a crise provocada pela web, a passagem da predominância da mídia papel para a digital mas também o descrédito e o passivo de ódio que acumularam com a sociedade brasileira ao longo dos anos em que remaram contra as reformas empreendidas pelos governos do PT.

Toda a imprensa brasileira sempre foi subvencionada, principalmente com verba pública, quem quiser conferir este fato basta ler os livros "MINHA RAZÃO DE VIVER", memórias de Samuel Wainer, o fundador do jornal Ultima Hora, e a biografia do gangster mais corajoso do setor, Assis Chateaubriand, feita por Fernando Morais, "CHATÔ, O REI DO BRASIL".

Mas achacar governos e empresas nunca foi exclusividade de Chateubriand, o falecido dono da Editora Abril, Roberto Civita, era também profissional neste expediente. Um relato interessante de uma tentativa de achaque perpetrada por ele está neste link [2] e narrado pelo jornalista Ricardo Kotscho, testemunha do ocorrido; aqui uma passagem da narrativa deste episódio: 

Faz tempo que o negócio da "Veja" não é informar, mas apenas jogar suspeitas contra os líderes e os governos do PT, os grandes inimigos da família.

E se os leitores quiserem saber a causa desta bronca, posso contar, porque fui testemunha: no início do primeiro governo Lula, o presidente resolveu redistribuir verbas de publicidade, antes apenas reservadas a meia dúzia de famílias da grande mídia, e a compra de livros didáticos comprados pelo governo federal para destinar a esc0las públicas.

Ambas as medidas abalaram os cofres da Editora Abril, de tal forma que Roberto Civita saiu dos seus cuidados de grande homem da imprensa para pedir uma audiência ao presidente Lula. Por razões que desconheço,  o presidente se recusava a recebe-lo.

Depois do dono da Abril percorrer os mais altos escalões do poder, em busca de ajuda, certa vez, quando era Secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República, encontrei Roberto Civita e outros donos da mídia na ante-sala do gabinete de Lula, no terceiro andar do Palácio do Planalto."

"Agora vem até você me encher o saco por causa deste cara?", reagiu o presidente, quando lhe transmiti o pedido de Civita para um encontro, que acabou acontecendo, num jantar privado dos dois no Palácio da Alvorada, mesmo contra a vontade de Lula.

No dia seguinte, na reunião das nove, o presidente queria me matar, junto com os outros ministros que tinham lhe feito o mesmo pedido para conversar com Civita. "Pô, o cara ficou o tempo todo me falando que o Brasil estava melhorando. Quando perguntei pra ele porque a "Veja" sempre dizia exatamente o contrário, esculhambando com tudo, ele me falou: `Não sei, presidente, vou ver com os meninos da redação o que está acontecendo´. É muita cara de pau. Nunca mais me peçam pra falar com este cara".”


Desta tentativa mal sucedida de achaque uma pergunta exsurge: se a Presidência da República sucumbir a um achaque desta natureza qual  outra instituição terá forças para resistir a este tipo de investida?

Divulgar informações, análises e opiniões induzindo o que uma população irá saber ou como perceberá os fatos e informações não é apenas uma das possibilidades do uso dos meios de comunicação social, intimidar com a possibilidade de destruição da honra social e da reputação de alguém é também outra.

Assim, é evidente que podar os tentáculos destes grupos de mídia com a regulação econômica impedindo a propriedade cruzada (jornais, emissoras de rádio e televisão) tal como está previsto no art. 220, § 2º, da Constituição Federal, que veda o monopólio ou oligopólio dos meios de comunicação social, é proteger minimamente instituições e pessoas do achaque destes mafiosos.

Chateaubriand foi o primeiro gangster proprietário de meios de comunicação a montar uma rede que cobria quase todo o território nacional e envolvia jornais e emissoras de rádio e depois tv dando a este império da indústria da notícia o nome “Diários Associados”. Ambicioso e ousado, foi este chefe mafioso que trouxe a tv para o Brasil inaugurando a primeira transmissão ao vivo, como era feito tudo na época, em 1950.

Li a biografia do amoral dono dos “Diários Associados” duas vezes, na segunda sublinhei as partes em que estavam mencionadas a relação da mídia com a grana e percebi que jornal, tv, emissoras de rádio não dão retorno financeiro, precisam de subvenção pública ou privada.

Remanesce provado no livro de Fernando Morais que Chateaubriand era devedor contumaz e achacador de empresários e governos, nunca pagava os empréstimos que contraia e pagava péssimos salários a seus empregados.

Portanto, sem assaltarem os cofres públicos em rombos estratosféricos os grupos da mídia golpista não sobreviverão querendo mandar no Brasil, achacando governos, fazendo e derrubando Presidentes da República como foi no passado. 

Para completar a desgraça dos gangsteres do setor, o fato de colidirem com a sociedade brasileira em seu anseio por reformas acumulou um passivo de ódio que tem sido demonstrado todas as vezes que as equipes de tv destes grupos mafiosos cobrem qualquer evento de massas.

Quanto aos pistoleiros destes gangsteres, alguns com carteiras de jornalistas, saibam que não adianta o puxa-saquismo, o buraco é mais embaixo, não é o exercício da pistolagem por meio dos dos teclados contra partidos e pessoas de esquerda que vai lhes garantir o salário, pois será a tecnologia e a sociedade que irão colocá-los no devido lugar, com chapa-branca e tudo, e sem direito a enterro de luxo.

Notas

[1]  É o bolso que leva a mídia a defender o golpe? http://www.brasil247.com/…/%C3%89-o-bolso-que-leva-a-m%C3%A…


[2] O melancólico fim da revista "Veja", de Mino a Barbosa  

http://noticias.r7.com/blogs/ricardo-kotscho/2014/09/27/melancolico-fim-da-revista-veja-de-mino-a-barbosa/

 

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