domingo, 30 de novembro de 2014

                                    POR QUE TANTO ÓDIO?

Praça da Piedade, Salvador, BA

Até uns poucos anos muitas crianças "moravam" na Praça da Piedade e nas ruas da Pituba, ambas em Salvador, BA. Elas esmolavam, praticavam pequenos delitos, viviam expostas à violência e à exploração sexual.

Eram crianças apartadas de suas famílias pela miséria, chamavam-nas "meninos de rua". Pessoas ligadas à Igreja Católica procuravam oferecer alguma assistência a estas crianças, mas devido ao grande número e aos limitados recursos da própria assistência as crianças continuavam nas ruas.

Hoje não vejo mais crianças "morando" nos logradouros mencionados e isto se deve aos programas sociais do governo federal que buscou amparar as famílias e proteger os pequenos cidadãos das situações de risco a que estavam expostos quando na extrema miséria.

Estas crianças, adolescentes e jovens das famílias vitimadas pela semi-escravidão e concentração de renda em que vivemos estão nas escolas estudando, algumas foram recrutadas pela grana fácil do tráfico de drogas ilícitas, problema ainda não enfrentado como deve ser, esta é a verdade. 

Em face dos problemas gerados por séculos de super exploração muita coisa ainda precisa ser feita mas sinto uma grande satisfação em contemplar enfrentados com êxito problemas que muitos diziam ser de impossível equacionamento, a fome endêmica [1] e o desamparo em que viviam os nossos pequenos cidadãos.

Contudo, não esqueçamos que nos últimos 12 anos nenhum tributo novo foi criado, houve até desoneração tributária, todas as obras de infra-estrutura [2] e programas sociais foram realizados com as mesmas fontes de financiamento e a mesma grana que a cleptocracia tucana manejou.

Sinto-me recompensado por ter participado da fundação do PT e dado uma pequeníssima contribuição como militante. Tenho uma enorme satisfação em não mais ver crianças esmolando e delinquindo, em desamparo total, morando nas ruas. 

Em face dos êxitos dos governos dos últimos 12 anos tenho também a satisfação de constatar que não fui traído por aqueles em quem depositei minha confiança, o ex-presidente Lula, Zé Dirceu, Genoíno e Delúbio, os artífices mais visados de um governo exitoso, perseguidos pela classe dominante e encarcerados em uma trama terrível por terem imposto à classe dominante a primeira derrota em 500 anos.

Quem quiser odiar o PT está em seu direito mas seria muito bom que declinasse o porquê de tanto ódio.


Notas

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

  COMO ROUBAR E DEPOIS GRITAR “PEGA LADRÃO”

        
                   


A imprensa golpista acaba de descobrir mais um bolivariano, o famoso Thomas Piketty, o autor do livro "O CAPITAL NO SÉCULO XXI." [1]


Este livro tem sido muito discutido e já é um sucesso de vendas além de ser lido por estadistas e políticos com alguma instrução em todo o mundo. Um dos tópicos discutidas no livro é a tributação e a distribuição da carga tributária entre os cidadãos, assunto proibido de constar no Brasil na pauta da mídia corporativista e inimiga da verdade factual. 


Admitamos, achacar os governos do PT, intimidar políticos de esquerda e constranger cidadãos que não se coadunam com seus desígnios conservadores e indecorosos tem sido a faina da mídia golpista. Para tanto, além de inventar estórias, omitir notícias os pistoleiros criam palavras com o intuito de estigmatizar seus alvos. 

Foi assim que inventaram o termo “bolivarismo”, mais um destes crimes lavrados na folha corrida dos pistoleiros da classe dominante assalariados nas redes de tv, jornais e nos blogs da mídia corporativa e familiar para atentar contra a reputação de quem não reza pela cartilha deles, aferrados defensores da semi-escravidão a que está submetida grande parte do povo brasileiro. 

Mas a verdade é que o que o economista francês autor do importante livro afirma é o que todos os "bolivarianos" sabem: um sistema tributário injusto, aquele onde os empregados pagam mais impostos que os patrões, tal é o caso do Brasil, cria desigualdades abissais e é a principal causa da concentração da grana.

Esconder esta verdade é um dos objetivos e razão de existir da mídia golpista, patrimônio de apenas seis famílias, que decidem o que devemos saber e pensar no Brasil. 

Quem sonega ou não é tributado acumula ou multiplica seu patrimônio em escala geométrica. Disto todo mundo sabe, daí o pulo-do-gato é confundir a população e tentar esconder este privilégio, enfim, se passar por vítima.

Vejamos como uns patifes enriquecem metendo a mão no bolso da população e ainda usufruem dos tributos pagados por suas vítimas. A maioria dos tributos insertos em nosso Sistema Tributário (Capítulo I, do Título VI, da Constituição Federal) são tributos indiretos, isto é, quem paga são os consumidores, apenas aparentemente são pagados pelos empresários pois estes apenas repassam ao Estado quando não embolsam, sonegam, afanam esta grana pública. 

Para espancar qualquer dúvida sobre a carga tributária que injustamente é distribuída sobre a população foi votada no Congresso Nacional a Lei nº 12.741/2012 que obriga sociedades empresárias a discriminar nas notas e cupons fiscais os tributos pagos pelo cidadão mas até hoje é descumprida pelo empresariado. Por que será?

Nenhum dos tributos relacionados na Lei nº 12.741/2012, [2] é pago pelos empresários mas sim pelos consumidores, tais sejam: 

1) Imposto sobre Operações relativas a Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS); 

2) Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS); 

3) Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); 

4) Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou Relativas a Títulos ou Valores Mobiliários (IOF); 

5) Contribuição Social para o Programa de Integração Social (PIS) e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep) – (PIS/Pasep); 

6) Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins);

7) Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, incidente sobre a importação e a comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados, e álcool etílico combustível (Cide).

Ao todo são sete tributos das espécies impostos, contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico que são PAGADOS pelo CONSUMIDOR e não pelo empresariado.

Quando lhe dizerem que a carga tributária no Brasil é grande pergunte: para quem? A imprensa golpista e os inventores do impostômetro, inimigos viscerais do sonegômetro, procuram manter o governo na defensiva e a população ludibriada com esta conversa de que pagamos muitos impostos, sem explicar quem paga estes impostos todos.

No Brasil ricos quase não pagam impostos, quando pagam o fazem de maneira ínfima e completamente desproporcional aos respectivos patrimônios. 

Foi assim, com mão-de-gato, vitimando e se fazendo passar por vítima que toda a infra-estrutura que temos no país tais como estradas, portos, usinas hidrelétricas, indústria do petróleo, do aço e da telefonia (garfadas nos governos de FHC) vieram a existir: com os impostos arrecadados dos trabalhadores.

A tributação no Brasil sempre foi injusta porque o poder sempre esteve nas mãos dos mesmos por 500 anos. Contudo, a última "arrumada" que deram no sistema de tributação perverso foi em 1988.


Para que se tenha uma ideia da injustiça do sistema tributário que o "Centrão" (um condomínio formado entre o PFL e demais partidos de direita de menor expressão) empurrou na goela do povo brasileiro na Assembleia Constituinte de 1988 é preciso perceber quem paga a conta nos tributos indiretos, isto é, aqueles pagados na compra de qualquer mercadoria, os consumidores, o povo, que paga impostos quando compra um um simples pacote de bolacha. 

É desta maneira, entendendo o sistema de tributação indireto atirado nas costas do povo pelo "Centrão" que se percebe porque o programa social Bolsa Família é apenas devolução de impostos pagados em um sistema injusto de tributação.

Então fique atento, quando um empresário lhe dizer que paga muitos impostos segure a carteira e fique esperto pois você está diante de um grande mentiroso.


Notas


sábado, 15 de novembro de 2014


AGORA VAI: REFORMA POLÍTICA COM FINANCIAMENTO EXCLUSIVAMENTE PÚBLICO DE CAMPANHA

                                                                                   
Caso a "Operação Lava Jato" seja realmente séria como parece e os delegados levarem até as últimas consequências a investigação da corrupção de agentes públicos e políticos teremos fatos suficientes para tornar irreversível a demanda por uma reforma política com financiamento exclusivamente público de campanha.

Combater corrupção é coisa complicada pois a classe dominante brasileira é apenas 5% da população - ela é aquela fração da população que é dona de 46% do PIB (IPEA) -, e esta gente para continuar sendo dominante precisa cooptar no aparelho de Estado e na classe política.

É aí onde a corrupção faz parte do que antigamente se chamava de sistema. Membros do Poder Judiciário, do Ministério Público e das Forças Armadas se auto pagam através de um mecanismo chamado de autonomia financeira. A ex-ministra Eliana Calmon pediu os contracheques de membros do MP e dos Desembargadores e Ministros dos Tribunais e ainda hoje espera...

Até em uma simples Câmara de Vereadores do mais distante dos mais de 5.500 Municípios também é assim, o Presidente recebe uma bolada transferida pelo Prefeito, o Chefe do Poder Executivo, e paga os salários dos vereadores e funcionários da Câmara e se auto paga, sem esquecer que os edis são os encarregados de fiscalizar aprovar ou não as contas do Prefeito e outros babados mais...

Nunca devemos esquecer que o controle político e jurídico da nação brasileira é feito pela classe política pois é ela que elabora as leis. Até as pedras das ruas sabem que em sua maioria a classe política é uma longa manus da classe dominante. Dando nome aos bois: o consórcio PSDB/DEMOS é o braço político mais autêntico do grande empresariado (banqueiros, empreiteiras como a OAS, Odebrecht, Camargo Correa, Mendes Júnior, UTC/Constran, Iesa, Queiroz Galvão, Galvão Engenharia, Engevix, etc.) bem como o PT e demais partidos de esquerda tentam ser o braço político dos trabalhadores.  


Caso queira conhecer alguns fatos e pormenores desta relação da grana com a dominação de classe no Congresso Nacional basta ler duas matérias curtas mas substanciosas no link abaixo [1]

Hipocrisias à parte mas ganhar uma eleição, comprar ou alugar um mandato comprando votos é uma barbada, até a esquerda já descobriu isto. Faça um teste, tente convencer alguém a votar em seu candidato; se não conseguir puxe um maço de peixes-bois como argumento e perceba a diferença...

Pois é isto mesmo, é desta maneira que a "Operação Lava Jato" pode expor o subterrâneo onde se encontram grande parte da classe política e a classe dominante. É no financiamento privado e clandestino das campanhas políticas que os membros da FEBRABAM, da FIESP e do empresariado menor do narcotráfico se conectam a parte da classe política. É este braço político que faz a luta política para que a classe dominante continue dominante.

Também não devemos esquecer que o controle político do Congresso Nacional permite aos banqueiros, empreiteiros, industriais, rentistas e outros membros menores da classe dominante chuparem com canudinho na jugular do ORÇAMENTO PÚBLICO da União.

Desta maneira, quem pensa que a "Operação Lava Jato" pode apenas atingir membros da base do governo no Congresso Nacional está muito enganado. O braço político dos caras que são os donos deste país estão muito mais expostos; mas não sejamos ingênuos, tudo está a depender da seriedade e honestidade das investigações.

Mas uma coisa é certa, "nunca antes neste país" se teve oportunidade igual de eviscerar a corrupção - o afanamento da grana pública por grandes empresas e a vinculação da corrupção com a dominação de classe e seu braço político - como agora.


 Nota:

[1] http://www.cartacapital.com.br/politica/a-rica-campanha-de-eduardo-cunha-7122.html

http://www.jornali9.com/noticias/denuncia/das-9-empreiteiras-alvo-da-operacao-lava-jato-seis-financiaram-aecio-com-20-mi#.VGaO5GKPNYM.facebook