O Movimento Passe Livre - MPL
Qualquer bom livro de
sociologia hoje tem um capítulo dedicado à teoria
dos movimentos sociais pois são eles que mudam a sociedade. Com base no que disponibiliza a sociologia
escrevi este post objetivando compreender o MPL –
Movimento Passe Livre -, que nos dias 13 e 14 - quinta e sexta-feira -, colocou 10 mil
pessoas nas ruas com a repressão da Policia Militar prendendo 10 jornalistas que
cobriam o evento, também efetuando prisões de manifestantes, agressões pura e
simples à liberdade de manifestação e expressão.
Hoje, segunda-feira, 17 de junho, a manifestação
tinha 100 mil pessoas em São
Paulo, não houve repressão, ficou nítido quem são os
baderneiros. Se hoje a polícia parte para o enfrentamento era o dia dela apanhar.
Houve adesão em mais nove capitais com 100 mil saindo às ruas no Rio de Janeiro
e 5 mil em Salvador. Os
fatos anteriores e os de hoje só aguçaram a curiosidade, são muitas as indagações
acerca da ideologia do movimento e se existe alguma vinculação deste com a
direita posta na oposição.
Saber
quem o faz; qual o objetivo e a ideologia; se tem capacidade de sustentar o confronto
por muito tempo; quem é o
desafiado/inimigo e quem são os aliados.
Respondidas estas questões poderemos vislumbrar muita coisa sobre este
movimento. O movimento está nas ruas; interpretar e apoiar é um trabalho nosso.
Ideologia e objetivos
De
imediato não entrevejo no MPL como
tendo características de direita, nada indica isto, o perfil social e as falas
dos principais membros do movimento nada têm de direita[1].
Ademais, o próprio objetivo consignado no nome do movimento é completamente
colidente com o neoliberalismo: transporte
gratuito para todos que usarem o sistema de transporte de massa nas grandes
cidades, que deve ser público, obviamente.
Portanto,
ainda que hipoteticamente a fagulha que impulsionou as manifestações seja um
aumento de R$0,20 no preço da passagem o
MPL tem ideologia e é radical, o que
não é sinônimo de violência. Deste ponto de vista tem oxigênio para uma luta
de longo prazo, mas tem uma fraqueza a ser superada, precisa caprichar na análise da situação e na proposta[2].
Tem
também outra característica positiva
claramente perceptível pela radicalidade do objetivo: é independente dos partidos políticos, o que não significa
que o sangue novo do PT, membros do PSTU e do PSOL tenham deixado de participar
das manifestações.
Partidos
de oposição através de seus próceres procuram retirar algum proveito interpretando
as manifestações como atos de oposição aos governos do PT e base aliada. A
oposição está fazendo o trabalho dela do jeito dela, associada com a mídia para
desestabilizar o que puder, a economia e a classe média sempre oscilante.
O
resultado desta marola ainda está para ser vislumbrado nas eleições do ano que
vem, que vai ser uma disputa terrível, já está sendo, mentiras serão o mínimo
de que se valerão os tucanos-demos.
O inimigo
Não
vejo o MPL como sendo
desfavorável ao PT pois é indiscutível que o
inimigo do movimento são os ricos
e muito ricos que têm como hábito só enriquecer em um dado Município, sem querer
meter a mão no bolso para pagar impostos para o financiamento da infra-estrutura
de que precisam as grandes cidades para torná-las minimamente
habitáveis. Sem dúvida o MPL confronta
a base política dos tucanos e quem mais se interpor no caminho.
Para
mim se os tucanos apoiarem o movimento será ótimo, será um tiro no próprio pé;
se o PT souber empurrar a conta no bolso da base social dos tucanos, como uma reivindicação
poderosa da sociedade, irresistível mesmo, faturará alto e realizará um item do
programa do partido.
Os aliados
Protestos,
reivindicações, denúncias de situações insuportáveis por si mesmo não constituem
um movimento social. Para gerar um movimento os desafiantes precisam sustentar
a luta e para isso precisam de militantes e seguidores, o que é feito interconectando-se
com outros movimentos e partilhado uma visão comum da realidade e de objetivos.
Desta
maneira, o MPL tem como aliados
naturais a serem buscados o Movimento Sindical,
os trabalhadores são os mais sacrificados com um sistema de transporte público
pifado, o Movimento dos Sem Teto, o Movimento Estudantil e outros
movimentos sociais, bem como a adesão milhares de cidadãos vitimados pela
ausência de transporte de massa que efetivamente funcione.
A inaceitável repressão policial
Hoje
a polícia recuou, indubitável que foi pela perspectiva do confronto, o MPL não se acovardou diante da
violência do final de semana e lançou o repto de estar hoje nas ruas. A questão
da polícia é grave, estão tratando um movimento social como crime. O Ministério
Público tem culpa no cartório também nesta história, deixou a impressão digital
de cúmplice da polícia ao intentar processar membros do movimento estudantil
que ocuparam a reitoria da USP.
Este
conluio entre Ministério Público, polícia e Judiciário para conter os
movimentos sociais é uma questão a ser enfrentada nas ruas, questionando politicamente,
pois as mudanças passarão pela democratização do Estado brasileiro, que é apenas
parcial com o Judiciário tal como se encontra, autocrático, um poder em discordância com os
princípios republicanos e democráticos da temporariedade e da exigência do mandato
para o exercício em nome do povo de um Poder da República.
O
conflito entre a sociedade e parte do Estado está lançado desde a Constituição Federal
de 1988 pois só parcialmente temos Estado Democrático de Direito constatado que
temos uma ordem econômica semi-escravocrata - açodada por um sistema tributário
em que empregados pagam mais impostos que os patrões -, e um aparato policial e
judicial criado adequadamente para mantê-la.
Resta
saber se combinaram com o resto da sociedade que luta politicamente para
distribuir renda.
Este
tipo de confronto estava previsto há muito. Só espero que a esquerda saiba
aproveitar para avançar no sentido da distribuição de renda com uma reforma tributária que tribute os muito ricos diminuindo um pouco a desigualdade entre as classes sociais, o que permitirá também financiar a infra-estrutura que torne mais habitável as grandes cidades. Se os tucanos
ajudarem apoiando o movimento será melhor, estarão fornecendo corda para serem
enforcados.
[1] A
Folha de São Paulo do dia 16/06/2013 mostra o perfil socioeconômico dos membros
do MPL, que numericamente se constitui
em 20 membros “orgânicos” e 35 “apoiadores” http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/06/1295737-movimento-passe-livre-defende-a-ausencia-de-liderancas-e-apartidarismo.shtml
[2]
Para Alain Touraine, um teórico dos movimentos sociais, “A capacidade de ação
dos dominados é fraca quando eles se definem unicamente pela identidade da qual
são privados.” in “Como sair do Liberalismo”, p. 52. EDUSC,
Bauru, SP, 1999.
LI NOS JORNAIS
ResponderExcluirPASSEI NUMA BANCA DE JORNAL NA AV. RIO BRANCO E QUANDO PENSO QUE JÁ VI DE TUDO EIS QUE VEJO “CURA GAY APROVADA” . NADA CONTRA AINDA BEM QUE NÃO TENHO ESTA DOENÇA NA FAMILIA!
AGORA TODO GAY SERÁ VACINADO CONTRA A DOENÇA GAY E EM BREVE O BRASIL SERÁ O ÚNICO PAÍS DO MUNDO A NÃO TER GAYS. PENA POIS GOSTAVA DE IR COM TODA MINHA FAMÍLIA ASSISTIR A PARADA GAY. AINDA BEM QUE NINGUÉM DA FAMÍLIA PEGOU ESTA DOENÇA. AH PERAÍ TEM SIM UM INFECTADO É UM SOBRINHO MEU QUE É MEDICO DE UM HOSPITAL DO RIO. MAS ACHO QUE, COMO ELE É MÉDICO, DEVE ESTAR TOMANDO OS COMPRIMIDOS PARA SE CURAR. O BRASIL EM BREVE VAI SER O PRIMEIRO PAÍS DO MUNDO TOTALMENTE HETEROSEXUAL.
MAS EM BREVE ACHO QUE VAI SURGIR UM PROJETO DA “CURA NEGÃO” O GOVERNO VAI FORNECER, GRATUITAMENTE, AQUELES REMÉDIOS QUE O MICHAEL JACKSON TOMOU PARA FICAR BRANCO. BEM ESTA DOENÇA ESTÁ EM 50 POR CENTO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA SÃO MILHOES DE “AMALDIÇOADOS” , ATÉ O PELÉ ESTÁ DOENTE. MAS QUANDO O TRATAMENTO ACABAR O BRASIL SERÁ O ÚNICO PAÍS DO MUNDO A NÃO TER AFRO DESCENDENTES.
MESMO ASSIM AINDA FICARÃO DUAS DOENÇAS GRAVES. UMA DELAS É AQUELA DE PESSOAS QUE SÃO DE OUTRAS RELIGIÕES COMO BUDISTAS, CATÓLICOS, ESPÍRITAS E OS UMBANDISTAS MAS EM BREVE VAI SAIR A CURA E TODOS SERAO EVANGÉLICOS. O BRASIL SERÁ UMA REPÚBLICA EVANGÉLICA RADICAL FUNDAMENTALISTA.
MAS A ÚLTIMA DOENÇA, SENHORES, NÃO TERÁ CURA NUNCA. É A DOENÇA DOS INDIGNADOS, DAQUELES QUE NÃO TEM MEDO DE FALAR O QUE PENSAM E QUE LUTAM CONTRA A CORRUPÇÃO E A IMPUNIDADE, É A DOENÇA DOS CARAS PINTADAS DOS JOVENS, DOS VELHOS, DE TODOS. CUIDADO HEIN...ESTA DOENÇA ESTÁ SE ALASTRANDO NAS RUAS. JÁ OUVIRAM FALAR?
Dou a cara pintada à tapa
Aldo Fernando Madeira Brasileiro, 68 anos, aposentado, casado, branco, espírita, socialista, doença= democrata socialista radical.