A guerra psicológica continua
Sempre tive uma enorme curiosidade por psicologia
das multidões, opinião pública, propaganda política, campanhas de incitamento
ao ódio e temas afins. Naturalmente os boatos sobre a extinção do Bolsa Família
e as reações coletivas provocadas instigaram-me a curiosidade e conduziram
reflexões.
Os boatos sobre a extinção do programa e as
reações coletivas que se seguiram permitem algumas ilações: por terem sidos
divulgados em vários
Estados e com o mesmo conteúdo é certo que houve
orquestração. Parece-me certo também que quem divulgou os boatos queria testar
a reação da população em face da possibilidade da extinção do programa. É
também verossímil que quisessem testar a operacionalidade, isto é, quantos
sujeitos seriam necessários para difundir um boato em escala suficiente para
causar pânico.
Não tenho dúvidas que estão testando como
manipular a opinião pública; querem saber quais hipóteses causam reação, qual
reação e a dimensão da reação.
É um fato significativo do ponto de vista político
a resposta ao boato da extinção do programa: a reação foi de manada, uma corrida irracional à Caixa Econômica para sacar o
que fosse possível; não houve uma reação política, manifestações pela manutenção
do programa, com até mesmo depredações, como ocorre nestes tipos de reações indignadas.
É possível aquilatar que quem planejou a operação,
escolhendo Estados, cidades e bairros para a divulgação do boato também testou
outras hipóteses. Parece-me indiscutível que não se põe em execução uma
operação destas sem uma quantidade considerável de recursos, dinheiro e pessoas com traquejo
mínimo para operar a divulgação da mentira com capacidade de convencer os
desavisados.
Quem poderia estar no comando de uma manipulação
desta envergadura? Pelos interesses envolvidos parece óbvio que elementos da
cúpula da oposição são os principais suspeitos. Mas também parece óbvio que
isto tem todos os ingredientes da maneira de operar do que se chamava
"Comunidade de Informação", os órgãos encarregados da repressão
direta aos opositores nos anos da ditadura. Eram eles que matavam os opositores
quase sempre sob tortura e montavam farsas para serem divulgadas à população:
simulavam suicídios, mortes em atropelos durante fuga ou morte em troca de
tiros com os pistoleiros da infame.
Mentir para desnortear, ludibriar e induzir a
opinião pública a erro de julgamento em operações de destruição moral de
inimigos sempre foi a escolha do serviço secreto brasileiro desde antes da
ditadura instalada em 1964. O Sfici - Serviço Federal de Informações e
Contra-informação -, como se chamava o que veio depois a ser o SNI, era um
reduto dos golpistas a conspirarem contra Jango grampeando seus telefones entre
outras coisas ilegais.
Quase todos os elementos deste conjunto
desordenado de criminosos daquela época estão aposentados. Alguns estão mortos.
Os vivos continuam impunes pois nunca responderam pelos crimes cometidos, o que
os estimula a continuarem despejando suas mentiras e ódio em sites como o TERNUMA, GRUPO GUARARAPES, MÍDIA
SEM MÁSCARA, COTURNO NOTURNO e redes de mensagens para endereços eletrônicos.
Adestrados pelos manuais da CIA (ver MINISTÉRIO
DO SILÊNCIO - A história do serviço secreto brasileiro de Washington Luís a
Lula, de Lucas Figueiredo) e obcecados em combater a esquerda e sabotar a
democracia estes delinquentes deixaram seguidores nos quartéis e fora deles.
Nenhum comentário:
Postar um comentário